Já contei um pouco nesse post aqui sobre o meu mochilão da Patagônia e agora vou compartilhar o que eu fiz durante a viagem! Começando por Ushuaia, onde desembarquei em 18 de dezembro de 2019 e foi o primeiro destino.
DIA 01
Depois de passar praticamente a noite no Aeroporto de Buenos Aires, cheguei as 8h da manhã em Ushuaia. Todos os voos foram tranquilos, desembarquei em uma quarta-feira chuvosa e nublada. Eu estava bem cansada, então fui direto para o hostel de táxi mesmo, que custou ARS 400. Consegui deixar minha mochila, mas o check in era só as 13h.
Ah, começaram algumas dificuldades com o espanhol… eu não entendi que o cara da recepção disse que eu podia tomar o café da manhã de graça, então saí para procurar comida hahaha
Comi em um lugar chamado Quinquela, gostoso e veio muita comida. Confesso que eu amo tomar café da manhã fora, fiz isso muito na minha época na Europa, então já comecei relembrando sentimentos de outras viagens.
Andei um pouco pela rua principal de Ushuaia e achei tudo lindo. Falando nisso, a localização do Hostel era ótima, apenas duas quadras acima então ficava bem fácil eu andar por tudo.
Carimbei meu passaporte no centro de visitantes, comprei a passagem de ônibus para Punta Arenas (ARS 2.500), fui no mercado e comprei coisas para fazer meus lanches e jantei empanadas deliciosas no Dona Lupita (dica do @vazaonde).
De resto foi me recuperar da noite que praticamente não dormi e me adaptar a vida em quarto e banheiros coletivos. Foi tudo mais ou menos como eu esperava, conversei com uma ou outra pessoa mas eu precisava descansar mesmo. O quarto era de 6 pessoas e bem espaçoso, grande dica é levar um tapa olho e um tampão para ouvido.
DIA 02 – PASSEIO COM PINGUINS E CANAL BEAGLE
O segundo dia começou cedinho, as 6 da manhã. Na noite anterior eu já tinha deixado tudo organizado para sair, então acordei, tomei café e encontrei o primeiro brasileiro da minha viagem, mas que já estava indo embora.
Trocamos contato (fiz isso a viagem inteira, saia pedindo o Whats das pessoas para marcar coisas no futuro kkkkk). Quando acordei o dia estava incrível, o céu limpo e vi pela primeira vez as montanhas com neve. Quase chorei de emoção (canceriana aqui, não esqueçam haha), mas é que no dia anterior eu não tinha visto absolutamente nada, estava muito nublado. Foi uma surpresa linda.
Peguei o ônibus as 7:30 para fazer o passeio da Pinguinera + Canal Beagle, passeio que comprei ainda no Brasil direto com a Piratour (USD 162). A Piratour é a única empresa autorizada a fazer a caminhada com os pinguins, então é com eles que vocês vão conseguir agendar com o menor preço. As outras agências serão apenas intermediários, mas no fim você vai acabar com a equipe deles.
O caminho todo é lindo, vamos rodeando as montanhas, então já ia me dando uma sensação maravilhosa, mesmo de dentro do ônibus. A primeira parada foi para bater foto com as árvores que são tortas por causa do vento da região.
Depois o grande grupo é separado em dois menores para o passeio dos pinguins. Eu fiquei no grupo que primeiro foi em um museu que tem lá. É bem pequeno mas achei legal e cheio de informações. Eu sinceramente gosto de aprender nas minhas viagens, pra mim é praticamente uma escola.
Quem tiver interesse, em pouco tempo começa a tour guiada em duas línguas: espanhol e inglês. As pessoas são voluntárias, então sugere-se dar gorjeta ao final. Depois que terminou a visita dos pinguins do primeiro grupo, chegou a minha vez de caminhar pertinho deles.
Eles são fofos, tem muuuitos que vão cruzando o caminho demarcado e acho que 1h é tempo suficiente. Vimos 3 espécies (disseram que é raro, geralmente são só duas e essa outra se instalou faz pouco tempo, não sabem dizer porquê).
Quando terminou a 1h, pegamos o barco de volta a Ushuaia, que é o passeio no Canal Beagle. Eu e todo mundo cochilamos, achei sem graça. É só quase chegando em Ushuaia que vemos o Farol do Fim do Mundo, os lobos marinhos e as aves.
Nesse passeio, conheci um casal que mora no Rio Grande do Sul e almoçamos juntos. A história deles é linda: ele brasileiro, ela chinesa, oito anos juntos. Percebi que o universo já começou a me testar, trazendo essas histórias de amor entre culturas diferentes que deram certo. (Quem sabe um pouco da minha história, entendeu né?! Hahha)
Como o passeio acabou por volta das 14:00, decidimos fazer juntos o Glaciar Martial. O taxi para ir e voltar foi ARS 392 cada trecho. Acho que as fotos traduzem o lugar melhor. Incrível, surreal, a natureza é demais. Foi a minha primeira trilha da viagem, tem bastante subida mas achei tranquilo. De lá tem vista para Ushuaia e tem neve. Brinquei bastante na neve com eles, não chegamos a fazer toda a trilha porque o dia tinha sido bem cheio e o que vimos já nos deixou satisfeitos, mas é possível continuar mais uma parte do caminho.
Terminei o dia achando que já compensou e pagou toda a viagem, mal sabia o que estava por vir. Voltei pro hostel no fim do dia morta de cansada, tomei um banho, comi e deitei meia noite, extremamente feliz e grata por estar vivendo tudo isso.
DIA 03 – LAGUNA ESMERALDA
No terceiro dia eu planejei ir até a Laguna Esmeralda. O transfer contratei no próprio hostel e custou 600 pesos ida e volta. Eles tem horários definidos e pedi para as 11h. Eu já desconfiava que o cara da recepção não me curtia muito, nesse dia confirmou kkkkk ele esqueceu de reservar, então acabei esperando até as 12h, que era o próximo horário.
Pelo menos no hostel consegui pegar emprestado os bastões de caminhada porque não achei para comprar em Ushuaia (quer dizer, achei, mas estavam extremamente caros). O transfer vai pegando outras pessoas no caminho, alguns atrasaram, pediram para parar no mercado e eu comecei efetivamente a trilha as 13h.
Cheguei aos pés da Laguna Esmeralda exatamente 2h depois. Fiz a trilha “sozinha”. Entre aspas porque é cheio de gente indo e vindo e tinham as outras pessoas do meu transfer, mas eu que escolhi meu tempo. Foi bem legal, a paisagem é linda. Eu fiquei impressionada e rindo sozinha o tempo todo porque o caminho é MUITO MUITO MUITO LINDO. As fotos não chegam aos pés da realidade. Só estando lá para sentir. Tem uma parte com muita lama e eu passei ilesa, sem me sujar, me achei praticamente uma profissional (os bastões ajudaram nisso).
Ainda na Laguna, encontrei mais brasileiros. Conversamos um pouco e dois deles entraram na água que, vale lembrar, é gelo derretido e devia estar congelando. Ele fizeram mais uma trilha nesse dia que eu acho que vale a pena indicar porque eu não tinha visto em nenhum lugar:
Laguna Turquesa – pelo que eles me falaram, ela é difícil porque é alta, então tem bastante subida e lama, mas recomendaram. O transfer é o mesmo da Laguna Esmeralda. Eles começaram cedinho, as 8h e as 14h já estavam na Esmeralda. Para quem gosta de trilhas, fica a dica!
Os meninos começaram o caminho de volta e eu fiquei admirando a beleza da Laguna Esmeralda por mais um tempo. O transfer de volta nesse dia adicionou um horário extra por termos começado mais tarde, então eu podia optar pelas 17h ou 19h.
Decidi pegar o das 19h. Infelizmente, começou a chover e ficar frio, todos ao meu redor começaram a ir embora e eu não quis ficar lá sozinha, então acabei indo logo em seguida. O único problema é que terminei a trilha as 17:30h então fiquei até as 19h esperando na chuva e no frio… Não tem nenhum lugar coberto para esperar.
Fiquei com medo do transfer não vir, afinal só restava eu. Além disso, eu não tinha o chip de celular para fazer uma ligação ou usar a internet para confirmar se ele viria… Mas ele veio, ufa!
Nesse meio tempo, fiquei vendo série no Netflix que tinha baixado no celular e comi as últimas coisas que eu tinha. Cheguei no hostel, tomei banho e sai pra jantar sozinha. Na volta encontrei uma chilena que estava no meu hostel e conversamos, decidimos tomar uma cerveja juntas.
Foi engraçado o mix do Portunhol, mas conseguimos comunicar. Voltamos depois de uma cerveja e uns meninos de Israel puxaram assunto. Vão para o Brasil no Carnaval e me pediram dicas de onde passar, questionaram se Florianópolis era uma boa opção. Que mundo pequeno hahah nos despedimos porque já era quase 2 da manhã e estávamos conversando no corredor, uma menina reclamou do barulho (com razão) e assim terminou mais um dia.
DIA 04 – DIA DE DESCANSO
Depois da trilha, acordei um pouco mais tarde, tomei café com a Chilena. Me senti um pouco mal, parecia uma gripe surgindo, então já fui na farmácia e comprei um remédio.
Era meu último dia inteiro em Ushuaia, então arrumei todas as minhas coisas e organizei o mochilão. Sai do hostel umas 12h, comprei um souvenir e andei pela margem do Canal Beagle até uma outra placa de Ushuaia e segui para almoçar no El Turco.
Fiz tudo isso sozinha e fiquei bem reflexiva sobre a vida e como isso tudo é uma reconexão comigo mesma, adorava estar ali decidindo cada passo do meu dia. Decidi não fazer muita coisa, então o dia foi bem tranquilo.
Ao ficar na área de convivência do Hostel, cruzei com os meninos de Israel e eles me ofereceram pra experimentar o café deles. Um gosto bem diferente, não parecia café! Hahah Eu e a Chilena já havíamos combinado de sair, convidei eles para se juntarem.
Ela encontrou uma menina da Costa Rica e convidou para ir com a gente também. Eu já tinha conhecido ela no café da manhã, inclusive falava português muito bem. Saímos as meninas, dividimos batata frita e bebemos uma cerveja, mais tarde os meninos de Israel chegaram. Que loucura que é esses encontros na vida de hostel né? Amei muito a experiência.
Fiquei com os meninos até umas 3h porque o dia seguinte seria todo no ônibus e eu queria ficar cansada (dica que a Ana Prim deu no relato dela kkkk). Eles encontraram umas outras meninas de Israel, o fim da noite foi eu e 4 israelenses que me encheram de perguntas sobre o Brasil. E eu sobre o país deles. Todos vão ao Brasil em breve. Essa troca de cultura é incrível, aprendi um monte de coisas. Foi o dia que andei sem rumo por Ushuaia e me despedi já com saudades mas feliz por todas as surpresas que apareceram no meu caminho em poucos dias!
IDA PARA A PATAGÔNIA CHILENA E CONCLUSÕES SOBRE USHUAIA
Colocar ou não Ushuaia no Roteiro? Difícil dizer, gostei muito da cidade e considero que complementou bem a viagem, principalmente sendo a primeira parada. Isso sem dúvida eu não mudaria e recomendo: comece por Ushuaia. Indo mais ao norte, as paisagens vão tirando ainda mais o fôlego, então se deixasse para o final talvez ficaria decepcionada com a cidade.
Voltaria? Provavelmente sim. Muita coisa eu fui descobrindo com o pessoal que cruzei no caminho e que me compartilharam dicas.
Com mais tempo, eu faria o Glaciar Vinciguerra (absolutamente todo mundo que conversei disse que é incrível) e algumas outras trilhas menos conhecidas mas que parecem lindas também! Faltou no meu roteiro ir até o Parque Nacional da Terra do Fogo, mais uma dica para quem quiser preencher o roteiro no fim do mundo!
Espero que tenham gostado de ler a minha experiência,
Com amor, Ana.