Torres del Paine: Mirador Base Las Torres

Torres del Paine: Mirador Base Las Torres

Essa é a continuação de uma série de posts relatando a minha experiência viajando sozinha na Patagônia. A continuação está linkada ao final desse post ou você pode encontrar clicando aqui.

DIA 08 NA PATAGÔNIA CHILENA – TREKKING

O dia tão esperado por mim chegou. Confesso que eu estava num mix de nervosismo e animação. Eu escolhi essa viagem só por causa de Torres del Paine, o cartão postal da Patagônia Chilena (que hoje já virou até tatuagem haha).

Sai cedinho de Puerto Natales (7:15h com a Bus Sur – ARS 15.000 ida e volta) e no caminho uma surpresa: da janela do ônibus vimos uma Puma!!! Assim, do ladinho da estrada!! O ônibus freiou na hora e TODO mundo ficou chocado e admirando. Não consegui bater foto porque foi tudo muito rápido e já percebi que o dia ia ser com emoção ahahah

Chegamos (eu e Silvia, que conheci no hostel de Punta Arenas) na Laguna Amarga as 9h. Ela ainda não tinha a entrada do Parque, então começamos a trilha somente as 10h. Eu já tinha a entrada de Torres del Paine por causa do dia anterior, que contei aqui. Ah, da recepção até o início da trilha tem outro transfer com van que custa ARS 3.000 cada trecho.

O início é só subida, muuuita gente no caminho e tudo bem sinalizado. Zero necessidade de guia em relação a isso. Fomos no nosso próprio ritmo que foi lento. Não choveu durante a ida e nem os ventos fortes que a maioria das pessoas relatam pela internet, foi maravilhoso. Aos poucos as vistas do caminho vão aparecendo e vira um mix de subida/descida mais confortável que o início. Achei que no começo já deu uma cansada que eu não esperava. 

Levamos 4h30min até a Base. Foi intenso, a parte final que é 1km se faz em 1h, muita subida com pedras que não tem fim. Tem que tomar cuidado para não se machucar, ir pisando com cuidado. Nessa hora, desistir não foi uma opção para mim, mas a última parte você se questiona se aguenta.

O Ricardo, brasileiro que conheci brevemente em Ushuaia havia me alertado e dado uma ótima dica: “pensa que cada passo que der, você está mais perto”. Eu apenas olhava pra cima, via as Torres exibidas e sem nuvens e repetia como um mantra “Eu consigo. Eu consigo. Eu consigo. Cada passo mais perto. Eu consigo”. Eu consegui. Cheguei lá chorando de emoção porque só quem está lá sabe como é superar os limites físicos para apreciar a paisagem mais linda criada pela natureza.

As três torres, que dão nome a Torres del Paine, estavam todas aparecendo, mesmo com o céu nublado. É uma formação completamente diferente de tudo que eu já vi, misturando a cor das montanhas, com a neve e o lago com a água do desgelo. Inexplicável.

Eu sorria de orelha a orelha, é lindo, é gigante, tem uma energia contagiante e você esquece de tudo. Valeu cada segundo. Achei as meninas chilenas do meu hostel e elas bateram foto minha, a Silvia chegou um pouco depois e encontrei ela. 

vários ângulos para registrar a conquista hahaha

Encontrei mais alguns brasileiros durante o caminho. Todo mundo se ajuda nessas horas, tanto dando força para continuar como para bater fotos. Apreciei o máximo que pude, mas infelizmente não foi tempo suficiente, eu não queria ir embora. Queria continuar por lá sentindo a imensidão e perfeição do mundo, da natureza, de Deus, do universo ou qualquer outra coisa que você acredite. Poderia ficar horas falando, mas não sei se conseguiria fazer jus ao lugar…

Bom, lembrem que isso era só a ida e ainda tem todo o caminho de volta… então quando não podia mais esperar, começamos nosso caminho de volta. O ônibus de volta a Puerto Natales sairia as 19:45.

Logo no começo da descida começou a chover e já estávamos bem cansadas. Eu até que estava inteira, mas a Silvia estava bastante desgastada. Ela foi guerreira o caminho todo. Se eu me superei, ela então nem se fala. Percebemos que íamos perder o ônibus, mas deixamos pra preocupar depois, só queríamos finalizar. Paramos em um acampamento no caminho e comemos. Terminamos a trilha 20:15. Levamos o total (incluindo a parada lá em cima) 10h. 

Nessa hora eu comecei a ficar bem nervosa, não tinha ideia de como ia voltar a Puerto Natales. O último transfer da van até a portaria do parque tinha acabado de sair e também tínhamos perdido. Sai pedindo pra um grupo de pessoas se tinha espaço para dar carona para gente e eles foram uns fofos e deram carona até a portaria. Descobrimos então que teria um outro ônibus da BusSur que saía as 21h. Ficamos por lá e comemos tudo que tínhamos, sentamos e esperamos.

observem o tamanho das pessoas nessa foto e como o lugar é imenso

O ônibus estava vazio e deixaram tranquilamente a gente embarcar. Foi quando eu relaxei. Que dia foi esse? Parece mentira. Eu estava super animada e querendo sair para tomar uma cerveja, mas o corpo reclamou de cansaço, principalmente depois que terminei de tomar banho. Acabei recusando o convite da cerveja pós trilha com os brasileiros e fui dormir a pessoa mais feliz dessa Patagônia por ter completado a meta da viagem. Nada do que eu escrever aqui vai poder descrever esse dia. Vá e sinta.

Algumas dicas:

  • Levar comida! E, o mais importante, realmente parar para comer e tomar água haha a gente não fez isso direito e sinto que desgastou ainda mais o processo. Eu levei sanduíche, ovo cozido, frutas, bolachinhas, alfajor e água (é possível encher a garrafa no caminho). 
  • CONHEÇA SEU CORPO! SAIBA ONDE ESTÁ SE METENDO! SAIBA SEU LIMITE! Eu li diversos relatos e conversei com várias pessoas para saber sobre a trilha. Eu sabia que era o dia inteiro, que poderia levar em torno de 8h, quase 25km andados no dia.
  • Use roupas apropriadas. Tanto a bota como tudo impermeável e quente que me deixaram confortável, eu tinha estabilidade para pisar sem escorregar e também sem me preocupar com o chão de lama. O bastão me ajudou. A Silvia SOFREU MUITO porque ela era ainda mais sedentária que eu, o pé dela estava congelando e ela ia a passos muito pequenos e sentindo dores constantes. É claro que ainda assim ela conseguiu, mas eu não recomendaria a pessoa ir dessa forma.
  • Eu não fazia nada de exercícios físicos, somente Yoga que tinha começado há 2 meses, mas fiz algumas trilhas menores por aqui e também 2 viagens mais natureza antes: Escócia e Chapada dos Veadeiros. Em ambas eu também estava com o condicionamento físico ruim mas consegui acompanhar as outras pessoas mais preparadas. Eu acredito que as trilhas exigem também uma condição mental equilibrada. Os trabalhos de meditação e respiração me ajudaram. Essa foi a trilha mais longa que eu já fiz e confirmou o meu amor por esse estilo de viagem.
  • Fiz tudo sem guia, agência, etc. Realmente não vejo necessidade… a única coisa é que evitaria esse estresse do ônibus perdido. Mas eu vi os guias do caminho darem uma apressada na galera para ir rápido, tanto é que as pessoas que deram carona foi uma das últimas vans que estavam lá. O resto já tinha ido embora também. Se estiver muito devagar eu vi os guias sugerindo de voltar (um senhor estava com bastante dificuldades, mas no fim ele conseguiu concluir também! O guia não estava mais tão feliz com a demora dele hehe). 

É isso, a conclusão é que Torres del Paine é um parque com as paisagens mais lindas e se tornam inesquecíveis por esse conjunto de fatores: superações físicas, mentais e as paisagens que só encontramos indo com as nossas pernas.

Recomendo fazer algumas trilhas, se preparar, mas se for realmente um desejo grande, você é capaz de conseguir sim!

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Beijos,

Ana Caroline

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