Escrevo. Apago. Abro um documento no Word, escrevo uma frase, salvo e fecho o arquivo. Abro de novo o Word, dessa vez escrevo 2 páginas, salvo e não posto. Estou no quinto dia das páginas matinais e escrevo na mão aleatoriedades que surgem na minha cabeça. Esse exercício supostamente deve ajudar na criatividade e talvez seja minha forma de encontrar o fluxo para retomar aqui, o Ana Voando. Hoje percebi que escrevo bastante na primeira pessoa, sobre minhas percepções, sonhos, pensamentos.
Mas o que eu vou falar nesse momento? Que fui para a praia algumas vezes, fiquei em hostel, conheci pessoas, que me apaixonei e desapaixonei na mesma velocidade, que a vida de solteira vai bem, obrigada e que eu tento de alguma forma encontrar aqui por perto as sensações que as viagens me trazem. Tento ignorar que ao redor é só caos e caos, mas não tem como. Podia contar que eu peguei COVID, que me recuperei e meus sintomas foram leves? E que sim, isso foi consequência de eu ter ido para Floripa.
A real é que esse texto começou com uma intenção e eu já me perdi nos pensamentos… o eu queria mesmo é falar que esse espaço surgiu em um momento muito delicado da minha vida, na qual eu passava por dores e descobertas profundas sobre mim. Eu sei que a palavra autoconhecimento pode estar desgastada, mas foi durante esse processo (na verdade é uma eterna observação de si mesma) que criei esse espaço em que eu compartilhava meus sentimentos pós coração partido com o fim de um relacionamento.
Refleti sobre essa jornada e queria compartilhar que ela não é linear, ela não é fácil e exige coragem para enfrentar suas maiores sombras e dores. Pensei também em quanta gente que joga a sujeira debaixo do tapete para não enfrentar o que quer que apareça durante o processo enquanto eu vou pegando cada migalha e colocando luz, aceitando e mudando, em passos lentos e tentando aos poucos quebrar padrões tão enraizados em mim.
Já chegou um ponto que eu fiquei exausta de tanta análise e foi também a hora que eu percebi que precisava pausar e simplesmente viver. É engraçado como a palavra CORAGEM apareceu de maneira tão natural quando eu penso em tudo que eu cresci e aprendi ao longo desses dois últimos anos. Precisei ser corajosa, porque lidar com todas essas descobertas também é dolorido. É sobre isso que eu queria falar nesse texto.
O resultado é incrível? É. Só que enfrentar essas coisas que vão surgindo no caminho, ter AUTORESPONSABILIDADE e parar de ficar achando culpados pelas situações, entender que só depende de você as mudanças e bancar as suas próprias escolhas não é fácil e definitivamente não é rápido. Às vezes você dá dois passos pra frente, daqui a pouco precisa frear, surge alguma dor novamente e assim vai indo, é um ciclo de altos e baixos.
Repito: não é linear. Não é do dia para a noite. É um processo. Só que a recompensa vem.
Eu ainda não sei como eu vou me comportar dentro de um relacionamento futuro (pra ser sincera nem sei se já estou aberta ou quero isso, desconfio que ainda não), mas eu sinto do fundo do meu coração de que nesse momento da minha vida já estou colhendo os frutos de tudo que eu tive que encarar nos últimos anos. Cheguei em um ponto que finalmente as dores do meu término ficaram no passado e restou MUITOS aprendizados.
Quando a saudade bate ou um gatilho surge eu lido de uma maneira muito madura e ainda sinto orgulho de mim mesma. É lindo estar aqui e ter consciência disso, mas não é e nem foi fácil. Acho era mais ou menos isso que eu queria contar para vocês: sobre o bloqueio de escrever, sobre autoconhecimento, um pouco da minha confusão e talvez nem esteja sendo muito coerente, mas nesse momento do mundo (1 ano de pandemia) não podemos exigir muito de nós mesmas né? Para finalizar, só queria deixar claro que o autoconhecimento não é um conto de fadas, precisa de pro atividade, precisa de coragem e então as coisas aos poucos vão se encaixando – ou não kkkkkkk
Fiquem bem, em breve volto compartilhando mais das coisas que vou sentindo.
Ah e se quiserem compartilhar as sensações, pensamentos e o que surgiu aí lendo esse texto, vou ficar super feliz de ler seu comentário!
Com amor, Ana.