EXPECTATIVA. Esse talvez seja o maior causador de frustrações do ser humano. Inspirada pelo papo com a Ana do @intercambiovoluntario, quero contar um pouco da minha experiência lidando com expectativa x realidade em minhas viagens.
Meu primeiro intercâmbio foi em Londres em 2009, na qual eu tinha recém completados 16 anos e estava no ensino médio. Sonhava em fazer um intercâmbio naquele estilo High School em escolas americanas, mas acabei realizando um de curso de inglês de 1 mês na Inglaterra.
Embarquei com expectativas altíssimas: primeira vez no avião, primeira viagem sem meus pais, primeira vez testando de verdade o cursinho de inglês de anos do Brasil.
A verdade é que todas as pesquisas prévias foram naquele sonho americano adolescente e desembarquei em um país Europeu antigo, casa cheirando a cigarro, hostfamily na verdade era somente uma mulher que claramente recebia estudantes pra ajudar a bancar as contas da casa.
Ela, de origem jamaicana, fazia comidas nunca antes vistas por mim 🤣 Na escola, somente espanhóis que interagiam entre eles, nenhum querendo trocas culturais. Eu estava com uma amiga e para desespero de nossos pais ligávamos chorando e chegamos perto de voltar antes do previsto e tudo isso porque a expectativa não estava condizendo com a realidade (certa imaturidade da idade também). Conseguimos uma mudança de hostfamily e concluímos a experiência com sucesso.
Quando decidi fazer o segundo intercâmbio em Los Angeles, foi também para um curso de 2 meses de inglês mas eu estava com ZERO expectativa. Já sabia que poderia pegar uma hostfamily ruim, que podia enfrentar dificuldades nas amizades, já era mais madura e ciente que perrengues iriam acontecer. Além de tudo, estava completamente sozinha dessa vez.
A primeira surpresa foi que minha hostmom era brasileira. A casa era dividida com outros intercambistas de diversos países. Nossa “família” era muito unida e saímos juntos para jantar, passeios, festinha em casa, cantorias, risadas, pegar o ônibus… tudo virava festa. Na escola, fiz amizades maravilhosas com outras nacionalidades.
Se me pedissem para escolher entre Los Angeles ou Londres digo sempre que foram duas experiências totalmente diferentes e é impossível escolher uma.
Por fim, a terceira vez que decidi viajar sozinha foi em 2017. Eu estava sonhando há pelo menos 2 anos em viajar e não encontrei ninguém para ir comigo. Depois de vários roteiros planejados e nunca realmente executados, encontrei o Contiki, que é uma empresa que organiza grupos de viagem pelo mundo entre jovens de 18-35 anos.
Fechei uma para Europa e em menos de um mês eu estava embarcando, tudo aconteceu super rápido. Sim, eu estava ansiosa MAS tinha algo muito claro na minha cabeça:
1- Podia ser um grupo que na pior das hipóteses eu seria a única brasileira. (fato esse que foi confirmado 😅);
2- A viagem era mais cara que se eu estivesse com amigos mas mesmo que fosse tudo péssimo, eu tinha a certeza que visitaria 8 países e o máximo que eu perderia seria dinheiro;
3- Considerando que eram 8 países em 12 dias, eu também já estava consciente de que seria uma correria e tudo visto de forma superficial;
4- Eu poderia não conseguir me comunicar e não fazer amizades, pegar uma colega de quarto que não era legal, mas ainda assim valeria a pena por fazer algo que eu amo, que é viajar.
Basicamente com esses pensamentos eu entrei no avião, mesmo estando super animada, ansiosa, morrendo de medo e aberta ao novo, minhas expectativas eram baixas. Consequência? Foi uma das viagens mais transformadoras da minha vida!
Tudo parecia encaixar, as pessoas do grupo eram super abertas, minha roommate mesmo sendo de outro país, era parecida comigo nos gostos e vontades. Foram 11 nacionalidades entre 48 pessoas juntas durante 12 dias. Uma conexão que só quem vive é capaz de explicar.
Mas quando algumas pessoas me pediram dicas ou se interessaram pela mesma viagem, eu sempre disse: VÁ SEM EXPECTATIVA que eu tenho certeza que vai ser incrível. Espere perrengue, pesquise muito e tenha certeza que independente da experiência, sempre vai ser transformador.
Se eu tivesse idealizado alguma coisa de como seria a viagem, as chances de que eu voltasse decepcionada seriam muito maiores, a nossa mente não é capaz de analisar todas as possibilidades do que REALMENTE irá acontecer. Sim, temos algumas certezas, mas tudo pode acontecer.
Quer um exemplo? Conhecer um gringo, se apaixonar e voltar namorando depois de 10 dias hahaha Me diz quando na vida eu iria imaginar isso?! Agora, se alguém ler esse post, for fazer a mesma viagem achando que vai encontrar um amor gringo e no máximo ter uma conversa legal e uma amizade, adivinha? Frustração.
É impossível não ter certa expectativa, mas buscar sempre o equilíbrio para não idealizar demais e no fim se decepcionar. Todas essas viagens que realizei foram com agências e voltamos novamente ao início desse texto, a @intercambiovoluntario está há 3 meses fora do país, sem agência e de forma não tradicional se aventurando pela Inglaterra. Gastou até o momento 5 mil reais incluindo passagem aérea. Uhum, isso mesmo.
Algumas pessoas questionaram sobre ir sem agência e aqui relatei minhas experiências e concluo que: a agência não tem como prever tudo que vai acontecer, nem sempre vai estar ali pra te ajudar, um voo meu atrasou 4h, perdi a conexão e tive que resolver tudo sozinha, ninguém me ajudou.
Nessas viagens apenas me deu a segurança que faltava para ir, ajudou no pagamento das escolas, conversão do câmbio e etc, mas não é ela que vai fazer a sua viagem ser melhor ou pior, mas sim a expectativa que você colocar e o quanto a sua mente estará aberta para o novo.
Boa viagem!
Com amor, Ana ✨