A Escócia foi o último país que visitei e eu ousaria dizer que foi uma das viagens mais lindas que já fiz, mas eu não queria ir. Quer dizer, eu queria ir para a Escócia mas não daquele jeito que foi programado.
Seria uma viagem de uma semana com pessoas que eu tinha pouca intimidade, em uma campervan (ou seja 24h com as mesmas pessoas, dormindo, comendo, passeios, etc) e a ideia em si causava grande desconforto para mim. Além disso, eu já estava com o emocional MUITO conturbado, entre outros motivos que não convém citar.
Porém, é engraçado que a viagem foi surpreendente. Ah sim, eu fiz todo um roteiro que depois foi ignorado. Eu quase não interagi no planejamento porque já estava preparada que as coisas não iam sair do meu jeito, talvez porque as outras pessoas eram mais parecidas comigo do que eu imaginava (também gostavam de organizar, planejar e estar no comando, assim como eu).
Me senti muito sozinha em diversas situações, mas foi um mix porque ao mesmo tempo eu queria estar ali no meio deles, sabe? Vivendo essa experiência e conhecendo mais um lugar incrível e diferente de tudo que eu já tinha visto. Eu me sentia um peixe fora d’água, sentimento que já estava presente por vários meses, mas pela primeira vez eu realmente estava tentando, dando o meu melhor. Tentando quebrar todos os pré-conceitos que eu trazia na minha bagagem, observando muito e sem julgar.
Prestei atenção no jeito de agir, os assuntos, as músicas, o modo de dirigir, a dinâmica do grupo, as alfinetadas e basicamente a maneira de lidar com as situações. Ousei sugerir algumas paradas que estavam no meu roteiro inicial e fui atendida, puxei assunto algumas vezes e percebi que podia manter um diálogo, mesmo que no restante do tempo o silêncio reinava.
Eu silenciei muito, como também já vinha fazendo há meses, mas esse foi um silêncio diferente. Foi desafiador para mim em TANTOS sentidos que não consigo expressar em palavras, mas saí da experiência satisfeita comigo mesma. Consegui ver várias coisas com outros olhos.
Fiz uma trilha de 6km sozinha enquanto os outros subiam a montanha mais alta do Reino Unido (que eu não me senti preparada para encarar). Chorei quando eles subiram me sentindo incapaz, fraca e ainda mais diferente deles. Tudo mudou quando minutos depois eu decidi ir no centro de visitantes perguntar por algo mais leve para fazer e me descobri tendo um dia maravilhoso com minha própria companhia.
Sério, eu terminei esse dia extremamente animada e realizada. Foi nessa viagem que descobri que gosto da natureza e fazer trilhas. Me senti capaz e no fim da viagem queria comprar todas as roupas e tênis apropriados.
No fim dos dias escoceses, me perguntaram se eu tinha gostado da viagem e sim, eu gostei muito. Fiquei feliz porque naquela semana quebrei vários dos meus próprios padrões e a razão, que fica de dica pra você que está lendo, é: permita-se. Abra seu coração para experiências e pessoas, mesmo que você já tenha uma opinião formada sobre isso e ache que vai odiar cada segundo (como eu antes da Escócia), surpresa: você pode sair transformado 😊
Com amor, Ana ✨