Esse é o terceiro post sobre a minha viagem pela Patagônia. O primeiro com as informações gerais você pode encontrar aqui. No segundo conto um pouco dos meus primeiros 4 dias em Ushuaia. Se precisar, também contei como foi a minha mala de 7,6kg para uma viagem de trekking e frio.
DIA 05 – DE USHUAIA A PUNTA ARENAS
Depois de Ushuaia, entrei por poucos dias na parte Chilena da Patagônia, começando por Punta Arenas apenas uma noite. Minha intenção era ir direto para Puerto Natales, mas durante o meu planejamento eu não tava curtindo muito a logística e decidi parar nessa cidade.
Lembrando que Punta Arenas é a cidade com aeroporto mais perto de Torres del Paine, tendo voos diretos vindos de Santiago. Como eu cheguei por Ushuaia, fiz a viagem de ônibus que dura 12 horas e foi razoavelmente tranquila. O único problema era que o ar condicionado não foi ligado durante o trajeto então tinham momentos que era muito calor e quando estava tudo fechado, o ônibus fedia hahaha. Pegamos um pouco de fila nas duas imigrações (Argentina e Chile), passando por uma balsa e enfim cheguei a Punta Arenas no fim do dia.
Lá fiquei no Hostel Entre Vientos, ele é bem arrumadinho, limpo e tem uma vista linda, mas fica distante do centro. Eu fui de onde o ônibus parou (pelo que eu entendi, não tem rodoviária lá, os ônibus chegam e saem do pátio das empresas de ônibus) e fui andando até o hostel. Deu uns 20 minutos. Eu amo andar “sem rumo”, fui entrando pelas ruazinhas e fazendo vários zigs zags hahaha sempre conferindo o mapa que eu tinha baixado, é claro…
O problema é que era domingo a noite e quando cheguei já estava TUDO fechado, comi umas bolachas que eu tinha na bolsa e fui dormir.
DIA 06 – DE PUNTA ARENAS A PUERTO NATALES
Na manhã seguinte descobri que a outra menina do meu quarto era brasileira, nós duas estávamos sem planejamento então nos juntamos. Troquei meu dinheiro (reais) para pesos chilenos numa casa de câmbio no centro da cidade, a conversão foi R$ 1 – CLP 185, comprei a passagem de ônibus para Puerto Natales (7.400 pesos chilenos com a Buses Fernandez) e andamos juntas pela cidade.
Não tem muita atração, fomos em um mirante, na orla que é linda mas com muito vento e terminamos parando no cemitério kkkk sim, o cemitério estava na lista de atrações da cidade. Achei bem interessante que ele é cheio de flores, uma maneira interessante de marcar o fim da vida.
Uma dica é que aqui também tem saída para ver os pinguins e é mais barato que em Ushuaia, praticamente metade do preço. Se eu soubesse teria feito aqui e ficado mais uma noite. Voltei pro hostel pra pegar minha mochila e peguei um Uber até o local de saída do ônibus para Puerto Natales as 17h.
Jardim cemitério (e dog) 
Mirante 
3h depois, em uma viagem muito mais confortável, cheguei em Puerto Natales! A cidade base para visitar Torres del Paine nos próximos dias. Assim que cheguei já percebi que a cidade tinha uma vibe muuuito diferente e legal. Cheio de mochileiros nas ruas, mercado grande, vários restaurantes e lojas de trekking, camping, etc. Fui andando até o hostel e deve ter dado uns 20 minutos da rodoviária. Depois de deixar as coisas saí para ir no mercado e já estava fechado… acabei pegando um pastel e voltei para descansar.
Em Puerto Natales fiquei no We are Patagonia Backpackers, achei muito bom! A cama era grande, com tomada e luz, armários que cabiam todas as coisas, café da manhã gostoso com ovos mexidos feitos na hora e os banheiros também ok.
DIA 06 – BATE E VOLTA TORRES DEL PAINE DE CARRO
Eu tinha 3 dias inteiros em Puerto Natales. A minha viagem toda ficou bem flexível, eu sabia tudo que eu queria fazer mas não sabia a ordem, que decidiria de acordo com a previsão do tempo e o desenrolar das coisas ao meu redor. Então por ali eu tinha programado um dia de folga, outro fazer a trilha da Base das Torres que seria na melhor previsão do tempo e por fim um passeio chamado “Full Day Torres del Paine”. Essa é uma tour vendida por agências em que uma van/ônibus em grupo vai parando nos principais pontos turísticos do Parque Nacional.
Como cheguei tarde no dia anterior, não consegui fechar nada e nem comprar os lanches para aguentar os passeios que duravam o dia todo. Antes de dormir, decidi que meu primeiro dia seria de folga para organizar as coisas (vale citar que esse dia era o único com sol a maior parte do tempo, então fiquei bem triste porque seria ótimo pra trekking e não para descansar), no dia seguinte eu faria o Full Day das agências e o último, que era a segunda melhor previsão de sol, a base de Torres del Paine.
Era dia 24 de dezembro, como era meu day off acordei um pouco mais tarde, tomei café da manhã e quando terminei encontrei um indiano que eu tinha conhecido no dia anterior. Ele me falou que tinha alugado um carro com duas pessoas do quarto dele e enquanto conversávamos fiquei numa indecisão interna: aquele era o melhor dia de todos os meus 3 para passeios e eu estava MUITO afim de ir pro Parque. Desde que eu tinha acordado estava pensando nisso. Ao mesmo tempo, não fazia ideia se as outras duas pessoas eram meninos ou não e eu recém tinha conhecido ele, não sabia nem da onde era ou o nome! kkkk Vocês iriam se jogar nessa aventura com um desconhecido que tinha apenas conversado por meia hora ou não?
A continuação da história: decidi perguntar se eu poderia ir junto, porque senti que ele era confiável e foi assim que me juntei a um indiano que mora no EUA e um casal (ou irmãos, não sei ainda) marroquino que mora na França.
Saber inglês nessas horas foi fundamental porque me abriu um leque de possibilidades. Tivemos um problema na reserva do carro, então saiu eu e o indiano perguntando em todas as locadoras até encontrar uma com um carro disponível, passamos no mercado e saímos efetivamente as 11h do hostel. Chegamos no Parque, pagamos a entrada (CLP 21.000 na época, agora aumentou para CLP 25.000) e pegamos um mapa e dicas do que fazer. Obs: o ingresso vale para mais de um dia, guarde bem.
Basicamente, foi o “Full Day” de forma privada e custou 10 mil pesos chilenos a menos do que as agências. Começamos pelo Glaciar Grey, parando em todos os mirantes (miradores em espanhol) do caminho. Fizemos uma pequena trilha, com muito vento e vi de longe o primeiro Glaciar da viagem. Continuamos fazendo todo o caminho que era possível de carro, numa espécie de looping (fomos de uma ponta a outra) sempre conversando muito e todos eram ótimas companhias, o dia fluiu bem.
O parque é imenso e as paisagens mais lindas que já tinha visto até aqui, inclusive para quem não é acostumado ou sem experiência em trilhas, viagens mais em família, essa opção de alugar um carro e ir ao parque é a melhor forma de aproveitar Torres del Paine, mesmo sem tanto esforço físico!
Dirigimos o dia todo e a última trilha foi de 5km até o Mirador Salto. Venta demais, mas nada impossível de fazer, foi uma trilha rápida. Terminamos e decidimos não parar em mais nenhum lugar para chegar por volta das 22h em Puerto Natales para jantar, era noite de Natal.
Quase não encontramos restaurantes abertos, alguns eram extremamente caros e com menus especiais. (mais de R$ 300…) Achamos um mais simples e finalizamos a noite, com um mix de culturas e muito felizes pelo dia incrível que tivemos! Nem nos meus maiores sonhos conseguiria imaginar uma véspera de Natal dessa forma.
Vamos aos valores:
Aluguel do carro: CLP 65.000 (foi dividido em 4) – tinha uma categoria de carro que custava CLP 55.000, mas estavam todos indisponíveis no dia, então rola fazer até um pouco mais barato!
Gasolina: CLP 35.000
Total por pessoa: CLP 25.000 (estávamos em 4)
DIA 07 – PUERTO NATALES
O natal chegou e com os meus novos amigos, consideramos continuar com o carro pra fazer juntos a base das torres. Todos acordamos tarde e cansados, desistimos da ideia. Minha noite foi difícil, acordei com frio e muita cólica, dormi pouco e tudo que eu precisava era descansar, foi o que eu fiz.
Passei mais um tempo com o pessoal, eles foram embora as 14h. Fui andar pela cidade, planejava comprar souvenirs e comida mas estava tudo fechado. Pelo menos o ônibus que eu precisava, consegui comprar: CLP 15.000 ida e volta Torres del Paine e já comprei por CLP 17.000 a ida para El Calafate com a BusSur.
A Silvia, brasileira que conheci e passei o dia em Punta Arenas, chegou e depois de descansar eu encontrei ela, jantamos juntas e combinamos de fazer a base das Torres no dia seguinte. Uns mini mercados abriram e foi onde consegui complementar meus lanches do dia seguinte. Deixei tudo organizado e dormi muito bem para começar o próximo dia cedo.
O mirador da Base de Torres del Paine era meu primeiro grande desafio da viagem!
Conto no próximo post,
Ana Caroline