- Alerta textão escrito por uma canceriana de TPM e que é pura emoção = pode conter exageros e sentimentos não compreendido por pessoas racionais.
Hoje fazem exatamente 5 meses que embarquei num voo que revirou minha vida e me trouxe muitas inquietações. Só com essa frase vocês já conseguem entender uma coisa sobre mim: sou muito ligada em datas, sou uma pessoa emocional e vivo numa luta constante pelo equilíbrio com a razão. Estou tentando melhorar e esquecer os detalhes desse dia, mas sempre que percebo já é dia 23 de novo e fico balançada.
23 de julho de 2018 eu embarquei para Europa. 23 de novembro de 2018 eu embarquei para o Brasil. Desde então vivi um turbilhão de pensamentos, emoções, altos e baixos.
Hoje quero contar um pouco sobre o voo de volta pra casa. Primeiro que o motivo da minha ida foi o relacionamento com um gringo morando em Londres. Depois de 4 meses de convivência diária e MUITOS desafios da vida a dois, decidimos por fechar nosso capítulo juntos no dia 21 de novembro de 2018. Não tendo mais razão para ficar longe de casa, comprei a passagem para dois dias depois (fica a dica: só um trecho na @maxmilhas estava um valor mara haha).
Nunca tinha sentido nada parecido, já que esses dois dias (acreditem ou não) foi de muito amor. Confesso que cogitei sair sem me despedir, mas no dia anterior, antes de sair para o trabalho, ele sussurrou no meu ouvido: não faça nada estúpido, a gente vai sair essa noite pro festival de Natal e amanhã eu vou pro aeroporto com você ok? Ele me conhecia como ninguém e parecia ler os pensamentos que rondavam a minha mente naquele dia.
Mas o inevitável chegou: a sexta-feira e a despedida. Ele não trabalhou, fiz brigadeiro para deixar pra minha housemate, organizei tudinho, saímos para almoçar (ele pegou o Chinês de sempre, eu não consegui comer). Tomei um banho, malas fechadas e chegou a hora de pegar o tube. Pedi para ele tirar essa foto na frente da nossa casa. Paramos para um último latte juntos, nossa tradição.
Consegui parar de chorar.
Pegamos o metrô.
Trocamos de trem 3 vezes.
Estávamos chegamos perto do Heathrow e consequentemente da despedida. Não consegui mais conter as lágrimas. Me escondi no abraço dele e chorei.
Check in: chorando.
Despachar malas: chorando.
Chegamos os dois no portão de embarque. Sentamos. Parei de chorar. Deu. Quero ir embora. Não quero mais esse sofrimento. Odeio despedidas.
Foi a vez dele. Começou a falar em português. “Mais 15 minutos” ele pediu. “Abraço.” “Shhh” dizia ele, cada vez que eu começava a falar que era hora de ir. Levantamos porque os 15 minutos tinham chegado ao fim, assim como nosso relacionamento.
Achei que não conseguiria embarcar, torci que ele pedisse pra eu ficar. Mas ele nunca pediu. Nós dois passamos mal, choramos, nos beijamos pela última vez, compartilhamos juntos todo o sofrimento, liberdade, sentimentos, dores e o amor da história linda que vivemos. Assim, nos tocamos pela última vez. Os olhares duraram mais alguns minutos até que eu entrei na área de embarque e ele partiu, fazendo o caminho de volta para nossa casa, que agora sozinho, seria apenas dele.
(Escrito em abril de 2019, editado e finalizado em agosto de 2019)
Com amor, Ana <3
5 meses depois de vc postar esse texto, encontrei seu site e me identifiquei. Minha história foi parecida. A data da minha despedida, 2 de Outubro de 2017. O local, Omaha Bus Station, no Nebraska, EUA. Apesar de td que acontece pra gente chegar ao ponto de acabar com o relacionamento, a despedida ainda dói né? Tb torci pra ela me pedir pra ficar.
Mas passa. Ficam as memórias, boas e ruins. É a vida. Força aí.
Te sigo no IG, suas viagens são lindas, seus textos tb.
É isso mesmo Pedro! Que loucura né? Engraçado que as vezes a gente acha que está “sozinha” nessas situações, mas tem um monte de gente passando por situações semelhantes né?
Obrigada pelo seu comentário <3